Ioga online dá certo?

Os motivos podem ser tão diversos como redução de despesas, falta de professor na região, busca por variedade de estilos ou pura curiosidade. Seja qual for, a cada dia aparecem mais alunos procurando aulas de ioga online.

A internet pode ser um facilitador em muitas ocasiões, mas começar a praticar ioga sem um professor ao seu lado envolve alguns riscos e é importante estar ciente deles antes de fazer essa opção.

Um dos descuidos frequentes do aluno-internauta é a escolha de uma aula inadequada às suas condições atuais, seja por desconhecimento ou por ansiedade para aprender posturas avançadas. Como consequência, fica mais vulnerável a lesões.

Também é comum que o iogue de internet mude constantemente de professores e estilos ou faça aulas em ordem aleatória, sem seguir uma progressão lógica ao longo do tempo. Desse jeito, fica bem mais difícil alcançar um desenvolvimento consistente nos aspectos físico, mental e emocional.

Mas o maior risco que vejo é o de baixo aproveitamento dos benefícios que poderia receber –afinal, só um professor que lhe acompanhe poderá adaptar a aula às suas necessidades, limitações e potencialidades para trazer os resultados buscados. Nesse caso, corre o risco de o aluno ficar com uma visão superficial sobre em que consiste realmente a prática de ioga.

INFORMAÇÃO x CONHECIMENTO

Para que serve o professor de ioga, no fim das contas? Não é só pra dizer como entrar e sair de cada postura, mas para ajudar a despertar no aluno um conhecimento que já existe nele, ainda que latente. Esse entendimento vai na linha dos ensinamentos do filósofo indiano Swami Vivekananda (1863 – 1902) sobre educação e formação do ser humano, analisados pela professora de ioga e pedagoga Ana Poubel neste artigo.

“Não é função do educador enxertar informações de fora para dentro e entupir as mentes dos educandos de dados, a fim de que eles pensem que ter informações é possuir conhecimento”, afirma Ana ao analisar o pensamento do indiano. Para ele, segundo Ana, o papel do professor seria, na verdade, “auxiliar o aprendiz a retirar aquilo que cobre a sua mente, a sua visão, para que ele descubra todo o universo de conhecimento que reside em si e o traga à tona”.

E como se desperta esse conhecimento no aluno? O próprio Vivekananda dá uma dica no texto de Ana: “o verdadeiro professor é aquele que pode imediatamente atingir o nível do aluno e transferir sua alma para a alma do aluno e ver e entender através de sua mente”.

Cada pessoa tem um jeito de aprender. É no contato direto que o professor saberá como o aluno está percebendo a prática e de que forma poderá ajudar a despertar o entendimento do que está sendo ensinado. É por isso que, muitas vezes, o que acontece em uma aula de ioga online se aproxima mais de uma troca de informações, que se baseia em um modelo genérico de aluno e desconsidera a diversidade da natureza humana.

Se, mesmo assim, as aulas online são a única opção que você tem no momento, não se desespere. Existem algumas formas de reduzir os riscos e deixar essa experiência mais proveitosa. Sobre isso, conversei com o professor Leandro Castello Branco, que deu sugestões de como a internet pode ser usada como ferramenta no seu caminho de ioga. A entrevista completa virá no próximo post. Fique de olho!