Saia de suas cavernas mentais: como incluir a meditação na rotina

Muita gente ficou sem fôlego nesta semana ao acompanhar o resgate dos 12 meninos e do técnico de futebol que passaram duas semanas presos em uma caverna na Tailândia. Um dos fatos que despertou curiosidade foi como as técnicas de meditação ensinadas às crianças pelo treinador, um ex-monge budista, ajudaram a controlar a ansiedade delas em uma situação extrema como aquela.

Em algumas correntes filosóficas ou espirituais, como na ioga, a meditação é um caminho para se atingir um estado mais elevado de consciência sobre o ser e sobre o universo. Neste caso, o estudo e a orientação de alguém mais experiente são fundamentais.

Mas também é possível usar técnicas meditativas para trazer mais clareza mental para o seu dia a dia. Isso ajuda a conhecer melhor como funciona sua mente, o que traz uma série de benefícios: redução da ansiedade, melhor gerenciamento das emoções, capacidade de sentir-se em paz independentemente das circunstâncias externas, mais habilidade de concentração, melhora do humor, entre outros.

Se você tem vontade de meditar, mas ainda não sabe como incluir essa prática na sua rotina, veja algumas dicas que têm funcionado comigo e experimente você mesmo. Que tal fazer um teste na próxima semana? Depois volte aqui e conte nos comentários como foi a experiência.

FORÇA DO HÁBITO

Antes de tudo, pense em criar o hábito: escolha um lugar e horário para meditar todos os dias. Manter uma rotina ajuda a mente a entrar no estado meditativo quando a hora se aproximar. Procure um local silencioso para evitar distrações.

Você pode incluir no ambiente objetos que lhe inspirem: um incenso, uma vela, elementos da natureza, uma imagem que tenha significado para você. É importante que este seja um momento prazeroso para que sua mente queira voltar a meditar.

Regularidade é mais importante do que quantidade. Não adianta meditar meia hora em um dia, e no outro não praticar. Começar com 10 minutos por dia é suficiente. Depois de um mês, você já deve começar a sentir os efeitos.

Os textos tradicionais dizem que o melhor momento para meditar é antes do nascer do sol, quando o fluxo de atividades mentais ainda está baixo. Se não for possível acordar tão cedo, escolha um horário em que consiga manter a regularidade. De preferência, pela manhã. Outros horários recomendados são ao pôr-do-sol e ao meio-dia.

Sente-se em uma postura confortável, com a coluna ereta. Não precisa necessariamente cruzar as pernas em lótus e pode inclusive usar uma almofada, apoiar as costas ou se sentar em uma cadeira. Se a postura for desconfortável, sua atenção vai ser desviada para a dor e dificilmente você vai conseguir se concentrar por muito tempo.

Evite meditar deitado ou no ambiente onde você dorme. Se a mente ainda não está acostumada, quando você reduzir a intensidade dos pensamentos terá mais chance de pegar no sono.

Ao fechar os olhos, observe seu corpo e tente eliminar qualquer tensão física. Quando se sentir pronto, escolha o objeto da sua meditação: pode ser a respiração, um mantra, uma parte do corpo, um elemento da natureza, a própria mente… O ideal é escolher uma técnica e usá-la todos os dias, por algum período, para poder sentir os efeitos.

Procure manter toda sua atenção concentrada neste objeto. Por exemplo, observe como o ar que entra pelas narinas é levemente mais frio do que o ar que sai. Se vierem ideias, memórias ou sentimentos, simplesmente observe-os sem interferir, espere eles passarem e volte a se concentrar. É muito comum que os pensamentos voltem. Não lute contra eles, não se julgue nem desanime.

Se sentir vontade de se mexer ou se coçar, primeiro tente ignorar. Talvez seja apenas porque você não está acostumado a ficar parado. Se a vontade persistir, mexa, coce e volte a se aquietar quantas vezes for necessário. Não adianta brigar contra sua vontade, isso vai desviar o foco da sua atenção.

No início, é normal sentir desconforto. Manter uma atividade física regular ajuda a conseguir ficar parado por mais tempo sem sentir dores. Praticar posturas de ioga também é uma forma de preparar o corpo e a mente para a meditação e, se puder fazer antes da sua prática meditativa, melhor ainda.

Com o tempo, fica cada vez mais fácil, mas o desenvolvimento não é sempre em uma linha ascendente. Nenhuma experiência é igual a outra. Aproveite o momento para conhecer melhor sua mente e aplique essa clareza mental também no seu dia, mesmo de olhos abertos. Aos poucos, você começará a identificar mais facilmente as saídas das suas cavernas mentais.