namastê https://namaste.blogfolha.uol.com.br Vida de ioga no tapetinho e fora dele Wed, 19 Jun 2019 10:00:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Sobre a lei da impermanência e despedida deste blog https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/06/19/sobre-a-lei-da-impermanencia-e-despedida-deste-blog/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/06/19/sobre-a-lei-da-impermanencia-e-despedida-deste-blog/#respond Wed, 19 Jun 2019 10:00:46 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/IMG_20180315_095234159_HDR-320x213.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=677 Se podemos ter uma certeza neste mundo, é a da impermanência: da matéria, do corpo, da mente, das nossas relações e interações, do que fazemos, do que observamos à nossa volta, de quem observamos à nossa volta.

A vida é constante transformação e, apesar de não termos dúvida disso, quantas vezes nos surpreendemos, seja com o corpo que envelhece, com os sentimentos que passam, com as pessoas que se vão ou com as que permanecem, mas “já não são mais as mesmas”.

É justamente a impermanência que permite o frescor da renovação. Mas uma mente distraída, oscilante ou pesada nos impede de reconhecer e aceitar o movimento natural da vida. E assim geramos apegos ao passado e expectativas para o futuro, causas de frustrações que tiram nossa tranquilidade, o tão almejado estado de equilíbrio.

Aqui, mais uma vez, ioga é ferramenta, como aprendi com minha professora Ana Poubel. A prática nos ajuda no processo de sensibilização e abertura para que possamos seguir com leveza a fluidez da vida, renovando-nos a cada instante: sempre um novo sujeito diante de uma nova realidade. Como também ensina meu professor Diego Koury, no livro “Pedagogia para uma Nova Mente”:

“A travessia, na perspectiva do Yoga, é a contínua experiência de aprendizado e abandono. Independente dos acontecimentos e das cargas por eles geradas, há sempre a possibilidade de aprendizado e de dissolução das cargas vividas nas experiências. Mas tal liberdade não ocorre ao acaso. A mente precisa se renovar na mesma velocidade em que o presente evolui. Quanto maior for a disponibilidade e equanimidade da mente, maior a possibilidade de experiência real e de sentimentos genuínos. Esse processo de renovação mental, ou de purificação do conteúdo mental, é crucial para que o indivíduo transforme a perspectiva que construiu sobre a vida e para que o movimento natural de constante transformação da vida deixe de ser aflitivo. Esse empenho é o Yoga, assim como o objetivo da prática.”

Dito isso, informo que este blog será encerrado no site da Folha. Agradeço profundamente aos leitores que nos acompanharam, aos meus professores e alunos que tanto me ensinam e me inspiram a compartilhar aprendizados, aos colegas pelas parcerias e ao universo por todas as experiências.

Quem quiser receber por e-mail ou WhatsApp meus próximos textos, novidades, sugestões de leitura, eventos, cursos, retiros e outras dicas relacionadas a ioga e meditação pode se inscrever neste link. Para outras informações, dúvidas, sugestões ou convites, é possível me encontrar no Instagram @patriciabritto.yoga e no Facebook/patriciabritto.yoga.

Boas práticas para todos nós!

Namastê _/|\_

 

 

 

 

 

]]>
0
Yoga na Maré arrecada doações para abrir sua primeira sede https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/06/02/yoga-na-mare-arrecada-doacoes-para-abrir-sua-primeira-sede/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/06/02/yoga-na-mare-arrecada-doacoes-para-abrir-sua-primeira-sede/#respond Sun, 02 Jun 2019 16:04:09 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/Yoga-na-Maré-4-320x213.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=668 Maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, o Complexo da Maré vai ganhar, no dia 15 de junho, um espaço voltado para aulas de ioga e terapias integrativas a preços populares. O Nubes (Núcleo de Bem-Estar e Saúde) será a primeira sede do Yoga na Maré, ONG criada pela portuguesa Ana Olívia Cardoso e que, há quase quatro anos, oferece aulas de ioga gratuitas para moradores do complexo, onde vivem cerca de 140 mil pessoas.

A inauguração será no sábado, dia 15 de junho, com aulão de ioga, confraternização e visita das instalações do Nubes, localizado na rua Santa Rita, 52, Nova Holanda –entre as passarelas 9 e 10 da avenida Brasil. O evento será aberto ao público de todas as regiões da cidade e uma van está sendo organizada para levar moradores da zona sul do Rio para conhecer o projeto. Os interessados em reservar uma vaga para o transporte podem entrar em contato pelo e-mail yoganamare@gmail.com ou pelo WhatsApp (21) 97987-4206.

Além de um espaço de convivência para realização de eventos como palestras e oficinas, o Nubes terá duas salas para atendimentos terapêuticos como massagem ayurvédica e acupuntura, uma cozinha onde acontecerão encontros sobre alimentação saudável, biblioteca com mais de cem livros doados ao Yoga na Maré sobre ioga, meditação e terapias integrativas e uma laje comunitária para aulas de ioga e outros eventos.

Para cobrir os custos da abertura da sede, como reforma, pintura, mobília e compra de materiais, a ONG criou uma campanha de crowdfunding (vaquinha online) com a meta de arrecadar R$ 15 mil. Até este domingo (2), 67% da meta havia sido alcançada. As contribuições para a campanha podem ser feitas até 15 de junho.

Atualmente o Yoga na Maré não conta com patrocínio nem financiamento e se sustenta com as contribuições de doadores regulares e da venda de uma linha de produtos próprios, como cintos de ioga, camisetas e copos de silicone.

Yoga na Maré
Fundadora da ONG Yoga na Maré, a professora Ana Olívia (esq.) conduz aula em favela na zona norte do Rio (Foto: Diogo Felix)

Apesar disso, Ana Olívia decidiu abrir a sede mesmo que a meta da campanha não seja alcançada, com a esperança de que doações futuras ajudem a cobrir os custos da obra e a sustentar o projeto. “Eu entendi que era importante dar este passo à frente e assumir o risco de um aluguel e da manutenção, e com isso incentivar as pessoas que sempre admiraram o projeto a ajudar”, disse.

Além da campanha de crowdfunding, também é possível se tornar um colaborador do Yoga na Maré por meio do site: yoganamare.com.br.

PROPÓSITO

Formada em Direito, professora de ioga, terapeuta de ioga massagem ayurvédica e prestes a se formar como terapeuta de Ayurveda, Ana Olívia, 38, sempre trabalhou em projetos sociais e sonhou criar uma ONG. Quando descobriu o potencial transformador da ioga, decidiu mergulhar a fundo nos estudos para poder levar aos moradores da Maré a oportunidade de conhecer essa prática.

Criou então o Yoga na Maré em agosto de 2015 e começou a dar aulas gratuitas para cerca de 20 alunos. Hoje são mais de 100 inscritos e 80 alunos regulares, que participam de quatro turmas em diferentes favelas do complexo.

E os planos ainda são de expansão. Uma das metas é levar para a Maré um curso de formação em ioga para que alunos interessados possam virar professores do projeto, ampliando seu alcance.

Como o trabalho com a ONG é realizado de forma voluntária, Ana Olívia precisa dobrar a carga horária com aulas e atendimentos na zona do sul do Rio para poder se sustentar, mas espera tornar o projeto autossustentável para que possa se dedicar integralmente a ele.

“Quando comecei a praticar ioga, em 2012, me deu um clique de levar isso para um público em situação de vulnerabilidade social. Encontrei na ioga essa ferramenta que eu estava buscando para fazer o que visualizei lá atrás. Por isso criei o Yoga na Maré. É o meu propósito de vida, eu sinto que é por isso que eu estou aqui.”

]]>
0
Aulas de ioga na UFRJ podem parar por causa dos cortes na educação https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/05/20/aulas-de-ioga-na-ufrj-podem-parar-por-causa-dos-cortes-na-educacao/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/05/20/aulas-de-ioga-na-ufrj-podem-parar-por-causa-dos-cortes-na-educacao/#respond Mon, 20 May 2019 10:00:31 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/aula-pel-2-320x213.png https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=660 Aliadas de estudantes que buscam conciliar as demandas da vida pessoal e acadêmica com corpo e mente em harmonia, as aulas de ioga oferecidas pela UFRJ correm o risco de serem suspensas por causa do bloqueio de recursos para as universidades anunciado pelo governo federal.

As práticas de ioga fazem parte do PEL (Programa Esporte e Lazer), que oferece atualmente 1.010 vagas em modalidades como ioga, dança, pilates, natação, futsal, corrida e ginástica artística, de forma gratuita, para estudantes de graduação e pós-graduação da universidade.

Segundo o Pró-Reitor de Políticas Estudantis da UFRJ, Luiz Felipe Cavalcanti, as aulas do programa estão garantidas até junho, mas a universidade terá que fazer uma “ginástica” para conseguir manter as atividades no segundo semestre. “Nosso compromisso é com a manutenção do máximo possível das atividades”, disse.

Para Cavalcanti, se os pilares da universidade pública são o ensino, a pesquisa e a extensão, é preciso lembrar que esses trabalhos são desenvolvidos por indivíduos que devem receber o suporte necessário para realizarem suas atividades com qualidade e para que a universidade possa, dessa forma, retribuir o investimento social.

“O Programa Esporte e Lazer foca nas pessoas. Trabalhamos para que os estudantes tenham uma melhor condição de permanecerem na universidade e entendemos que não é só recurso financeiro que permite isso. Possibilitar uma melhor condição de saúde aos nossos estudantes é uma questão central”, afirmou.

FORMAÇÃO INTEGRAL

A professora de ioga Vitória Bemvenuto, uma das responsáveis pela inclusão da prática de origem indiana entre as atividades do PEL em 2018, acompanhou de perto mudanças que as aulas trouxeram para a vida dos estudantes e relatou a experiência em seu trabalho de conclusão de curso da graduação em Educação Física.

Em conversa com o blog, Vitória diz ter percebido que o início da vida acadêmica representa uma mudança brusca na vida dos estudantes, com aumento de responsabilidades e de carga de trabalho, o que, para muitos deles, gera transtornos emocionais como ansiedade e depressão, podendo levar ao baixo rendimento e à evasão acadêmica.

Segundo a professora, a prática de ioga ajuda os estudantes que se veem sob constante pressão e falta de tempo a se sentirem mais presentes e conscientes de cada ação, reduzindo o risco de erros, poupando energia e melhorando a qualidade dos seus estudos e de sua produção.

“É importante que colaboremos para o bem-estar e o bem-viver desses estudantes, que são responsáveis por grandes mudanças no mundo. A universidade é berço de grandes potências”, disse.

Em sua pesquisa, Vitória observou que, por fazer parte de um sistema que trabalha o indivíduo de forma integral, as aulas de ioga colaboraram para o bem estar físico e emocional dos estudantes, deixando-os mais aptos a lidar com os desafios dessa etapa da vida.

“Algo de pessoal e essencial aconteceu, motivando mudanças de atitudes e pensamentos; adicionando novas ideias e olhares perante a vida e subtraindo ansiedades, pressões e desistências diante de novas possibilidades de se descobrir no mundo: partindo de suas experiências pessoais para transformação de seus entornos”, afirma na monografia.

Diante do risco de que as aulas sejam afetadas pelo bloqueio de recursos orçamentários, ela contabiliza prejuízos que vão além da saúde dos estudantes e seu rendimento acadêmico: “Todos são prejuízos imensos, mas acho que o que mais feriria a sociedade brasileira seria a diminuição de profissionais mais sensíveis, atentos, preocupados com a educação e que entendam que o ser humano é muito mais que resultados ou prazos: é potência divina”.

]]>
0
O que um pássaro visitante e a chikungunya me ensinam sobre desapego https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/05/06/o-que-um-passaro-hospede-e-a-chikungunya-me-ensinam-sobre-desapego/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/05/06/o-que-um-passaro-hospede-e-a-chikungunya-me-ensinam-sobre-desapego/#respond Mon, 06 May 2019 10:19:12 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/pássaro-noite-320x213.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=617 Um dia desses, um pássaro de peito amarelo e que caberia na palma da minha mão desdenhou a goiabeira no quintal, entrou pela janela e se embrenhou na luminária de cipó, onde decidiu construir um ninho –bem no meio da sala. Graveto por graveto, entrelaçando técnica e paciência, deu forma a um abrigo engenhoso –que acredito ter sido concluído ontem, com o ritual de acasalamento que testemunhei.

Aprendemos muito com a natureza. Se temos a mesma origem e até intercambiamos átomos e moléculas, por que não compartilhar também aprendizado? Acompanhar a construção do ninho foi uma lição de “abhyasa” e “vairagya”: prática constante e desapego; empenho e entrega, entre as traduções possíveis. Quando caminham (ou voam) juntos e equilibrados, esses dois princípios da ioga facilitam a jornada.

Meu hóspede começa seu trabalho logo cedo: chega trazendo no bico um graveto, encaixa na luminária, e voa em busca de mais matéria-prima. Volta com outro graveto. E depois outro. Um a um. Todos os dias. Um olhar apressado não perceberia muita mudança, mas quem acompanha com cuidado vê uma transformação em curso –possível porque, apesar de simples, a prática é constante. Isso é “abhyasa”.

Nem todos os gravetos foram encaixados de primeira. Alguns eram muito grandes e não couberam na luminária. Outros simplesmente caíram do bico antes de chegar. Parte dos gravetos perdidos no caminho o pássaro conseguiu recuperar. Mas tantos outros ele simplesmente deixou pra lá (o chão da sala que o diga). Desapegou-se, aceitou e não deixou que as perdas lhe distraíssem do foco no seu objetivo. Isso é “vairagya”.

EMPENHO CONSTANTE

Há um mês, comecei a sentir os sintomas da chikungunya, virose que causa dores nas principais articulações do corpo. Acostumada com a rotina cheia e o corpo ativo, eu me senti frustrada ao ter que me afastar do trabalho por, no mínimo, um mês. Também me senti triste por me ver temporariamente sem autonomia pra fazer tarefas básicas do dia a dia, como preparar minha própria refeição. E ansiosa por não saber quanto tempo exatamente aquela situação poderia durar.

Mas assim como o pássaro-iogue, tento trazer “abhyasa” e “vairagya” pra rotina. Nem sempre é fácil, mas sempre é possível tentar em algum grau. E acredito que graças a esses princípios tenho conseguido lidar melhor com o desafio das dores e manter a serenidade na maior parte do tempo –graças também ao apoio da minha família, amigos e alunos, a todos me sinto muito grata.

Tenho então me dedicado com empenho para minha recuperação: acompanhamento médico, repouso, alimentação e rotina orientadas pela minha terapeuta ayurvédica e tempo suficiente para me conectar com o ritmo do meu corpo, respirar com consciência e simplesmente estar presente comigo mesma mesma. “Abhyasa” está por aqui.

ABERTURA AO INESPERADO

Mas a ioga nos recomenda que o empenho venha acompanhado de desprendimento e abertura para que resultados diferentes dos que buscamos possam acontecer. Quando desejamos algo, acreditamos que aquilo é o melhor para nós, mas isso acontece com base nas nossas experiências, que são limitadas. Nem sempre nos damos conta de que resultados que não esperávamos podem ser uma janela para novas possibilidades tão interessantes que nem imaginávamos que existiam, por isso não havíamos buscado.

Quem não conhece uma história de alguma situação desagradável que abriu novas oportunidades? Uma demissão que permitiu a alguém encontrar um trabalho que tem mais a ver consigo mesmo; uma separação difícil que abriu caminho para um novo relacionamento incrível; a morte de uma pessoa querida que nos fez aproveitar melhor o tempo com os que estão vivos; um acidente que nos fez repensar tantas coisas.

Até agora, as dores me deram oportunidade de me conhecer melhor em situações de abalo físico e emocional, dedicar mais tempo ao autocuidado, ter uma ideia do que é a força que independe do meu corpo físico, observar minhas relações por outras perspectivas e experimentar novas abordagens para a prática de ioga. Apesar de ainda ter articulações doloridas, eu me sinto bem e hoje começo a voltar ao trabalho. Sei que o caminho da recuperação continua e quero estar aberta para que “vairagya” continue por aqui.

Com tudo isso, não quero dizer que é errado nos sentirmos inseguros diante do desconhecido ou frustrados quando as coisas não saem como queremos. Mas aceitar a diversidade do universo, ver a beleza no desconhecido e lembrar que o inesperado também traz novas oportunidades nos deixa mais tranquilos para que possamos seguir em frente com leveza e satisfação, em vez de empacarmos com o graveto que cai antes de chegar no ninho.

]]>
0
Aviso https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/04/23/aviso/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/04/23/aviso/#respond Tue, 23 Apr 2019 05:00:28 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=614 A blogueira está de licença médica.

]]>
0
Conversas de iogue: o que tem por trás dessa filosofia? https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/03/31/conversas-de-iogue-o-que-tem-por-tras-dessa-filosofia/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/03/31/conversas-de-iogue-o-que-tem-por-tras-dessa-filosofia/#respond Sun, 31 Mar 2019 18:06:48 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/patanjali-320x213.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=606 Um dia você decidiu experimentar. Depois de aquele amigo zen tanto insistir, o analista recomendar e você sempre responder que não tem paciência pra essas coisas muito paradas, um dia você passou por acaso na frente de um estúdio e decidiu se matricular em uma aula de Ioga. Só pra ver como é…

Pode ser que, de cara, você tenha conseguido se desligar das suas inquietações e vivido uma experiência interessante. Talvez tenha se sentido mais relaxado e quem sabe até tenha passado o resto do dia mais disposto, com bom humor. Ou pode ser que você tenha se sentido incomodado, impaciente e desconfiado, mas escolheu continuar, afinal não é de uma hora pra outra que as coisas fazem efeito.

Curioso ou desconfiado, você começa a conviver com pessoas que têm umas conversas estranhas. Gratidão pra cá, desapego pra lá, não violência, amor, viver o presente, silenciar a mente, energia vital, essência do ser, transformação, entrega para o universo e confia… “Essas pessoas não se dão conta de que estão sendo ingênuas, alienadas ou acomodadas?”, você se pergunta.

“Não posso silenciar minha mente se tenho uma questão importante para solucionar.” “Preciso reagir à altura quando erram comigo para deixar bem claro quem eu sou.” “Desapego, tipo indiferença?” “Como não me preocupar com o futuro que não está garantido ou com o passado que me marcou?” “Tantos problemas no mundo e vocês aí falando em gratidão e contentamento?”

“Esse papo de autoconhecimento parece autoajuda, assunto para pessoas inseguras.” “O mundo hoje em dia é muito competitivo, é preciso ser forte, não há espaço para humildade.” “Não preciso transformar nada.” Então você decide ignorar a parte filosófica, mas segue nas aulas porque, de alguma forma, aquilo está sendo útil. Sempre tem algo que se pode aproveitar…

Seu contato com ioga pode ter começado com diferentes graus de desconfiança ou curiosidade, mas é improvável que você tenha passado indiferente a esse jeito de viver e de se posicionar. Por isso, para quem ficou interessado em entender os fundamentos dessa filosofia, eu recomendo conhecer os “Ioga Sutras” de Patanjali.

A EXPERIÊNCIA DA MENTE

Considerado um texto clássico sobre a prática e a filosofa da ioga, o “Ioga Sutra” foi escrito por Patanjali, um sábio que viveu na Índia em algum período entre 200 a.C e 400 d.C. Ele não foi o criador dessas ideias, mas compilou o conhecimento que existia na época de forma dispersa para que pudesse ser transmitido de forma sistematizada.

Como o ensino se baseava na tradição oral, o texto de Patanjali foi escrito na forma de sutras, ou aforismos, que condensaram várias camadas de informações de forma enxuta para que pudessem ser facilmente decorados e transmitidos oralmente de mestre a discípulo. Daí surgiu a tradição de recitar os sutras e de estudar os comentadores que ajudam a interpretar os sentidos por trás do texto conciso.

E o que dizem esses aforismos? Tratam sobre o caminho da ioga de busca da compreensão da realidade –sobre nós e o universo– por meio do estudo da mente humana: como ela se relaciona com nossas escolhas, ações, sentimentos, padrões de comportamento e como podemos usá-la a nosso favor. Isso só pra começar…

Então, ao compreendermos melhor as possibilidades da mente, começam a fazer sentido aquelas frases que costumamos ouvir nas aulas de ioga. Uma nova janela de possibilidades se abre, como afirma Swami Vivekananda no livro “Raja-Yoga: o caminho da meditação”:

“[A Raja Yoga] declara que cada pessoa é apenas um canal para um infinito oceano de conhecimento e de energia existente por trás da humanidade. Ensina que os desejos e as necessidades estão no homem, que o poder de satisfazê-los também está no homem; e que não importa quando nem onde um desejo, uma necessidade ou uma prece tenha sido atendida, foi daquele infinito manancial que a provisão se originou, e não de algum ser sobrenatural.”

Mas tem um detalhe importante. A investigação da mente proposta nos sutras não se restringe ao estudo intelectual. Como explica Vivekananda, é preciso ir além do instinto (inconsciente) e da razão (consciente) para se compreender o estado transcendente ou supraconsciente da mente humana.

E isso só é possível por meio da experiência, base de todo o conhecimento, segundo o autor. “A experiência é o único mestre que temos. Podemos falar e refletir por toda a vida, mas não compreenderemos uma única palavra da verdade até que nós mesmos a tenhamos vivenciado.”

]]>
0
Antes de curar o corpo, medicina indiana busca tratar a alma https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/03/22/antes-de-curar-o-corpo-medicina-indiana-busca-tratar-a-alma/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/03/22/antes-de-curar-o-corpo-medicina-indiana-busca-tratar-a-alma/#respond Fri, 22 Mar 2019 17:57:04 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/ayurveda-320x213.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=596 A mesma cultura védica onde surgiu a ioga também nos deixou, há cerca de 7.000 anos, o conhecimento do Ayurveda, ou a ciência da vida –reconhecida na Índia como um dos sistemas oficiais da ciência médica, praticada ao lado da medicina moderna como um meio de se alcançar a boa saúde e a longevidade.

Com mais ênfase na prevenção de doenças e na compreensão de suas causas do que no tratamento dos sintomas, a medicina indiana considera que a saúde humana é resultado da constante interação existente entre corpo, mente e alma (ou consciência).

O Ayurveda entende que o corpo físico-mental é formado por uma combinação de três humores biológicos, os chamados “doshas”. São eles: “vata”, “pitta” e “kapha”, que correspondem, respectivamente, aos elementos ar, fogo e água. Cada um desses elementos, por sua vez, correspondem a características físicas e psicológicas presentes no organismo.

Uma pessoa com predominância de “vata”, por exemplo, tem propensão a estar em movimento, tendência à agitação mental e facilidade para acúmulo de gases. Já alguém constituído principalmente por “pitta” tem a função digestiva trabalhando em excesso, com facilidade a desenvolver distúrbios gástricos, tendência ao calor e ao temperamento “esquentado”. O “kapha”, por sua vez, ligado ao elemento água, tende a ser mais emotivo e apresentar excesso de líquidos e muco no corpo.

Segundo esse sistema, cada pessoa nasce com uma combinação diferente entre os três “doshas”, onde pode haver predominância de um ou dois deles, ou ainda equidade entre os três. Mas quando a proporção natural de um indivíduo é alterada, surgem os desequilíbrios que podem resultar em doenças.

Um dos objetivos do Ayurveda, portanto, é harmonizar os elementos “vata”, “pitta” e “kapha” no organismo. Isso não significa necessariamente mantê-los na mesma proporção, mas restabelecer a composição natural de cada indivíduo.

Para tanto, vale-se das propriedades terapêuticas de ervas e alimentos, além da criação de uma rotina adequada a cada constituição individual e que pode incluir, além de dieta, atividades corporais, massagens com óleos, meditação e mantras, entre outras práticas.

Cada vez mais conhecida no Ocidente, apesar de não ser considerado aqui uma medicina oficial como na Índia, o sistema médico do Ayurveda foi retratado no documentário “O Médico Indiano”, de Jeremy Frindel, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros.

PROPÓSITO ESPIRITUAL

Apesar da importância da alimentação equilibrada e de uma rotina adequada à constituição de cada indivíduo, terapeutas ayurvédicos acreditam que isso ainda não é suficiente para restabelecer e sustentar um estado de saúde no longo prazo.

Para o professor e terapeuta americano David Frawley, a primeira etapa de um tratamento é a compreensão de que cada vida tem um propósito espiritual e um papel no desenvolvimento da humanidade, e que viver sem harmonia com esse propósito pode se refletir em desequilíbrios na mente e no corpo.

“Isso implica buscar o caminho espiritual da forma que mais se aplica à natureza de cada um”, afirma no livro “Ayurvedic Healing” (Tratamento Ayurvédico). “Chamamos esse processo de primeiro tratar a alma, lembrando que por alma, em ioga, entendemos nossa consciência interior”.

Para a medicina indiana, se somos uma combinação de matéria, mente e consciência, as doenças devem ser entendidas como resultantes não apenas de fatores fisiológicos, mas também mentais e espirituais. Por isso, quem segue os ensinamentos do Ayurveda enxerga nas doenças um alerta e um convite para refletir sobre suas escolhas de vida e atitudes de forma mais ampla.

Segundo Frawley, as doenças podem ser um sinal de maus hábitos do corpo, mas também podem indicar que estamos desperdiçando nossa energia espiritual. Ele recomenda, portanto, não apenas tratarmos as doenças, mas usá-las como meio para nos observarmos e identificar de onde surge nosso desequilíbrio. “Quando alcançamos essa comunhão com nossa consciência interior, recuperamos a harmonia e a disposição para superar todas as dificuldades externas”, afirma no livro.

DE QUEM É A CULPA

Outra regra básica do Ayurveda é a compreensão de que não podemos responsabilizar ninguém mais pelo nosso bem estar, a não ser nós mesmos. Os médicos e terapeutas são vistos, nesse sistema, como profissionais com um papel temporário de nos trazer de volta ao ponto onde podemos nos cuidar adequadamente.

O entendimento é o de que devemos assumir a responsabilidade pela nossa própria saúde, em vez de deixá-la apenas nas mãos de médicos ou remédios. “Não há substituto para uma vida equilibrada. Isso não pode ser comprado por preço algum, e ninguém mais pode nos oferecer”, escreve Frawley.

“Um dos problemas da cultura moderna é que ela nos priva de tempo para cuidarmos de nós mesmos. Encontramo-nos num processo de gastar energia, mas não de renová-la. Entretanto, se realmente valorizamos nosso bem-estar, vamos encontrar esse tempo. A responsabilidade é nossa e não há ninguém que possamos culpar se não fizermos esse esforço.”

]]>
0
Como nos comunicamos afeta a qualidade das nossas conexões https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/03/15/como-nos-comunicamos-afeta-a-qualidade-das-nossas-conexoes/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/03/15/como-nos-comunicamos-afeta-a-qualidade-das-nossas-conexoes/#respond Fri, 15 Mar 2019 20:28:24 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/cnv1-320x213.jpg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=577 Você já teve a sensação de que, por mais que você se esforce, as pessoas com quem você convive não conseguem lhe entender? Mesmo que você repita várias vezes, elas parecem não lhe ouvir? Ou que a sua mensagem chega distorcida do outro lado? E quando você se dá conta, em vez de realmente discutirem o assunto que interessa, vocês estão trocando acusações ou reagindo de forma defensiva?

Esses embaraços acontecem com frequência em relações de todos os tipos, pessoais ou profissionais, e atrapalham o surgimento de uma conexão verdadeira entre as pessoas. Como consequência, muitas vezes nos vemos em relações superficiais, onde não nos expressamos honestamente e nos sentimos isolados e frustrados, mesmo cercados de pessoas que parecem se preocupar conosco.

Percebendo isso, o psicólogo americano Marshall Rosenberg (1954-2015) desenvolveu, na década de 1960, um método para ajudar as pessoas a se comunicarem de forma mais consciente e, assim, estabelecerem conexões mais profundas em seus relacionamentos. É o que ele chamou de Comunicação Não Violenta (CNV) –que, apesar do nome, não é útil só para os “briguentos”.

Como a não violência é um princípio fundamental da ioga (“ahimsa”), a CNV virou assunto recorrente entre praticantes e uma ferramenta útil no caminho de busca por harmonia, colaboração, paz  e bem-estar.

O MÉTODO

De forma sucinta, a Comunicação Não Violenta propõe um conjunto de técnicas que nos ajuda a expressar de modo claro o que observamos em determinada situação, como nos sentimos em relação a esses fatos, quais necessidades temos que não estão sendo atendidas e o que gostaríamos que fosse feito para que elas fossem supridas.

Esses passos são detalhados no livro “Comunicação Não-Violenta”, onde Rosenberg explica que as dificuldades de comunicação surgem porque “a maioria de nós cresceu usando uma linguagem que, em vez de nos encorajar a perceber o que estamos sentindo e do que precisamos, nos estimula a rotular, comparar, exigir e proferir julgamentos”. Portanto, o método nos incentiva a desenvolver mais consciência sobre nossos sentimentos e necessidades em vez de julgar e culpar os outros. Isso não significa aceitar de forma passiva as situações que nos incomodam, mas ao contrário, entender a origem dos conflitos para encontrarmos soluções mais eficazes do que a mera troca de acusações.

O primeiro passo para estabelecermos diálogos saudáveis seria a observação dos fatos de forma objetiva, sem contaminá-los com nossos julgamentos ou rótulos, como o que é bom ou mau, certo ou errado –já que essas não são verdades absolutas e sim interpretações pessoais. Ou seja, para começar a conversa, em vez de criticar, podemos relatar os fatos. “Quando os outros ouvem críticas, tendem a investir sua energia na autodefesa ou no contra-ataque. Quanto mais diretamente pudermos conectar nossos sentimentos a nossas necessidades, mais fácil será para os outros reagir compassivamente”, afirma o  autor.

Outro ensinamento da CNV é a necessidade de compreendermos nossos sentimentos e assumirmos a responsabilidade por eles. Rosenberg observa que temos a tendência de culpar os outros pelo que sentimos, e que o comportamento alheio pode até ser um estímulo, mas não a causa dos nossos sentimentos. A causa real seriam nossas próprias necessidades, desejos, expectativas, valores ou pensamentos –que podem ou não estar sendo atendidos.

Daí surge a importância de sabermos identificar quais são nossas necessidades e expectativas, além de sabermos ouvir e identificar as necessidades das pessoas com quem nos comunicamos, que estão nas entrelinhas de seus comportamentos e reações. Em vez de julgá-los, podemos nos perguntar: quais são as necessidades que esta pessoa está tentando atender quando tem esta atitude, e quais necessidades minhas eu não consigo atender quando ela age dessa forma? Para o autor, por trás de toda reação violenta existe uma necessidade não atendida e lembrar disso estimula a cooperação.

Em geral, sabemos pouco sobre nossos sentimentos e necessidades. Costumamos reduzir as sensações positivas em “alegria” e as negativas em “tristeza” e esquecemos que entre eles existe uma grande variedade de nuances. Para nos ajudar nessa compreensão, o Instituto CNV Brasil disponibiliza listas de sentimentos e necessidades humanas universais.

Tendo clareza sobre as nossas necessidades, chegamos ao momento de formular, em linguagem clara, pedidos específicos para resolver o impasse. E esse é um ponto crucial no processo da CNV. Às vezes, deixamos de fazer pedidos acreditando que a outra pessoa já deveria saber do que precisamos ou porque tememos a reação do outro –e esta é uma causa frequente de frustrações. Mas é justamente este passo que garante que a relação será pacífica e não passiva. Se não nos expressamos, não podemos esperar que o outro adivinhe o que queremos.

Por outro lado, também é um problema quando o pedido vem em forma de exigência. “Quando outra pessoa ouve de nós uma exigência, ela vê duas opções: submeter-se ou rebelar-se.” Se acreditamos que as relações saudáveis se sustentam em liberdade e autonomia, os pedidos são mais interessantes que as exigências. Quando atendidos, são uma demonstração de colaboração voluntária. Mas, como é um pedido, devemos lembrar que sempre podemos ouvir um “não”.

EMPATIA

Um dos obstáculos que atrapalham que uma comunicação mais verdadeira se estabeleça é a resistência que temos em nos abrir, revelar nossos sentimentos e necessidades e fazer um pedido, porque isso nos mostra vulneráveis. Na nossa cultura, aprendemos que precisamos demonstrar ser fortes e seguros e que vulnerabilidade seria um sinal de fraqueza. Mas pensar que existem pessoas sem vulnerabilidades é um engano. O que existem são pessoas com medo de se expressar.

A experiência daqueles que têm procurado se expressar de forma mais autêntica mostra que, quando conseguimos transcender o medo da vulnerabilidade, o resultado é que estimulamos a empatia do nosso interlocutor e aumentam as chances de que ele queira nos compreender e tenha disposição para chegarmos a um acordo.

Existe muito material disponível para quem quiser se aprofundar no assunto. Além do livro de Marshall Rosenberg, que é didático e cheio de exemplos que nos mostram como praticar CNV no dia a dia, recomendo os vídeos da Carolina Nalon, especialista em CNV, e este texto do escritor Frederico Mattos. Em várias cidades também há eventos, cursos e palestras sobre o tema. Além disso, até a próxima sexta-feira (22), está no ar no Instagram a campanha #jornadacnv, criada pelo projeto @Instamission para divulgar o método.

Praticar Comunicação Não Violenta nem sempre é fácil, mas quando começamos a ter mais consciência sobre nossos sentimentos e necessidades e aprendemos a expressá-los, bem como conseguimos ouvir e enxergar as necessidades dos outros, chegamos mais perto de um ponto de equilíbrio que atenda o máximo possível a todos os lados. Teremos então maiores chances de criar e sustentar relações nutritivas e gratificantes.

]]>
0
Shivão tira dúvidas (e sarro) sobre ioga nas redes sociais https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/02/15/shivao-tira-duvidas-e-sarro-sobre-ioga-nas-redes-sociais/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/02/15/shivao-tira-duvidas-e-sarro-sobre-ioga-nas-redes-sociais/#respond Fri, 15 Feb 2019 15:41:53 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/hivo4-150x150.png https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=549 Se um belo dia o grande Shiva, patrono da ioga, descesse das montanhas sagradas onde vive, nos Himalaias, para tirar suas dúvidas pelo WhatsApp, o que você perguntaria?

Por mais inusitado que pareça, Shivão tem sido visto nas redes sociais respondendo questões de praticantes de ioga que tentam levar uma vida iluminada, mas se veem todos os dias diante dos desafios impostos pela condição humana.

“Tem problema matar um mosquito quando estou praticando ioga?”; “Depois de três dias meditando, me estressei no trânsito e discuti no grupo da família, o que adiantou?”; “Ioga tira zica?”; “Qual o segredo da vida?”

Quem manda as perguntas é a Nic, e as conversas são publicadas no @Instadoshivao. Nic é Nicole Rodrigues, 45, professora de ioga com estúdio na Vila Madalena, em São Paulo. “O Shivão é o meu alter ego. Nasceu das minhas conversas comigo mesma, das minhas questões sobre ioga, a prática, a vida, o ser e estar no mundo”, disse ao blog.

Diferentemente do que se poderia esperar de uma deidade, Shivão não é piegas e responde com sarcasmo e humor. É descontraído, sem ser deselegante, ofensivo ou blasé. A ideia do personagem é trazer as discussões espirituais de um plano quase inatingível para a vida real dos reles mortais praticantes de ioga.

“Somos seres humanos que tentam meditar, mas que no dia a dia têm que lidar com as questões básicas da vida, como pagar aluguel, levar filho na escola, trabalhar, ter DR com o namorado ou namorada, seres humanos que sentem raiva, inveja, ciúmes… Muita coisa. O Shivão quer mostrar que está tudo bem, que ao praticar ioga ou ser um professor, você continua a ser humano, uma pessoa que tem que lidar com todas as questões da vida”, conta Nic.

Nicole Rodrigues
A professora de ioga Nicole Rodrigues, criadora do @Instadoshivao, em seu estúdio de ioga na Vila Madalena, São Paulo (Foto: Ana Rosa Passos)

Apesar do humor, Shivão tem seus momentos de reflexões filosóficas, baseadas não só nos textos de ioga, mas também do budismo e do cristianismo, e com frequentes referências a escritores e cantores, como Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Dorival Caymmi e Chet Baker –sempre trazendo para as questões da espiritualidade.

O personagem também gosta tirar sarro com os clichês tão frequentes no meio da ioga. “A espiritualidade está banalizada e as pessoas estão muito necessitadas de gurus. Às vezes, a gente cria a máscara da espiritualidade, mas no fundo continua a ser apenas a mesma pessoa de antes. O discurso continua longe das atitudes. Mas o Shivão, sendo muito bacana, entende isso, que somos humanos.”

O blog Namastê entrevistou Shivão com exclusividade, em uma pausa de seu estado de samadhi, mergulhado na consciência expandida. Leia a seguir trechos dessa conversa.

Blog Namastê: Shivão, às vezes você fala de um jeito meio debochado sobre ioga. Esses temas de espiritualidade não precisam ser levados a sério?
Shivão: Eu nunca faço deboche com ioga. Eu faço deboche só da Nic.

Existem muitos clichês repetidos entre praticantes de ioga. Frases de efeito ajudam ou atrapalham a entender essa filosofia de vida?
Uma filosofia de vida não é pra ser entendida, mas é pra ser vivenciada como cada um puder de acordo com sua história de vida e vocês que se virem por aí pra vivenciar isso, porque eu sei que a barra aí é pesada.

Já vi você falar sobre política, questões ambientais… Por aqui esses temas geram muita discórdia. Dá pra misturar espiritualidade e política numa boa?
Ficórsi [of course].

Muita gente acha que só uma prática física intensa tem efeito, mas você sempre fala de ioga fora do tapetinho… As pessoas confundem ioga com ginástica?
Ô.

Qual é a dúvida que você mais escuta dos seus seguidores?
Uma das maiores dúvidas é se sou homem ou mulher. O Shiva? A Shiva? Mas Deus não tem sexo. E nem eu.

Qual principal recomendação você daria pra quem quer levar uma vida de ioga?
Não existe vida de ioga. Existe vida.

Gratiluz!
Se você falar gratiluz novamente, tá tudo acabado entre nós.

 

Shivão
Foto: Reprodução/Instagram/@Instadoshivao

 

 

Shivão
Foto: Reprodução/Instagram/@Instadoshivao

 

Shivão
Foto: Reprodução/Instagram/@Instadoshivao

 

Shivão
Foto: Reprodução/Instagram/@Instadoshivao
]]>
0
Para que servem as posturas de ioga? https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/01/25/para-que-servem-as-posturas-de-ioga/ https://namaste.blogfolha.uol.com.br/2019/01/25/para-que-servem-as-posturas-de-ioga/#respond Fri, 25 Jan 2019 10:00:25 +0000 https://namaste.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/asanas-150x150.jpeg https://namaste.blogfolha.uol.com.br/?p=543 A prática de posturas físicas, chamadas em sânscrito de “asanas”, é uma das oito etapas propostas pela ioga para ajudar as pessoas a ampliarem a consciência sobre si mesmas.

Para a ioga, o corpo é um instrumento de autoconhecimento porque, ao darmos atenção aos nossos movimentos e observarmos nossos padrões, físicos e comportamentais, conseguimos entender mais sobre nós mesmos.

Podemos descobrir, por exemplo, que contraímos mais músculos do que precisamos para nos mover e por isso acumulamos tensão em algumas partes do corpo.

Ou podemos perceber uma tendência a sermos excessivamente controladores, algo que dificulta o relaxamento tanto no tapete de ioga como fora dele. A partir daí, determinadas posturas podem ser usadas para criar novos padrões.

A prática regular de “asanas” também ajuda a manter o corpo saudável e a mente equilibrada, o que melhora a disposição física e a capacidade de concentração, funcionando como uma forma de nos prepararmos para a meditação.

No corpo, as posturas nos permitem explorar movimentos que não fazemos no dia a dia e sem os quais os músculos se tornariam rígidos ou frágeis, com maiores chances de dores e cansaço.

Já na mente, a prática física nos dá oportunidade de tirarmos o foco de preocupações cotidianas enquanto nos concentramos em cada movimento, com atenção ao momento presente, o que deixa a mente mais tranquila e estável.

Para funcionar, as posturas devem ser praticadas com consciência na respiração, buscando o equilíbrio entre firmeza e conforto e respeitando as necessidades individuais. Iniciantes devem praticar com o acompanhamento de um professor.

Conheça a seguir algumas posturas de ioga:

1. Sukhasana – “postura fácil”
É uma das posturas recomendadas para a meditação. Apesar do nome, muitas pessoas têm dificuldade de se sentar no chão com as pernas cruzadas. Sentar sobre uma almofada ajuda nesses casos.

2. Uttanasana – “postura do alongamento intenso”
Postura de flexão do tronco para frente. Ajuda a alongar os músculos das costas e da parte posterior das pernas, acalmar a mente e aliviar dores de cabeça. Quem sente dores na região lombar deve dobrar os joelhos para não trazer tensão para as costas.

3. Trikonasana – “postura do triângulo”
Uma das clássicas posturas de alongamento lateral do tronco, que também fortalece e alonga os músculos das costas, das pernas e do quadril, ajudando a corrigir desequilíbrios no alinhamento da coluna.

4. Dhanurasana – “postura do arco”
Postura de extensão da coluna, que ajuda a fortalecer os músculos das costas e das pernas e a aumentar a flexibilidade da região frontal do tronco, promovendo a abertura do peito e ajudando a corrigir problemas posturais, como a corcunda.

5. Vrksasana – “postura da árvore”
Postura de equilíbrio, ajuda a desenvolver foco e concentração, além de alongar a coluna. É feita com um pé apoiado na parte interna da outra perna. A altura do apoio pode variar, mas não se recomenda apoiar o pé no joelho.

]]>
0